Balança Comercial e Intensidade Tecnológica na América do Sul

Este artigo possui como objetivo principal ilustrar como a pauta comercial das principais economias da América do Sul está distribuída de acordo com a intensidade tecnológica. Os países escolhidos para a composição da análise estão baseados no PIB do ano de 2016, que, segundo o FMI[1] estão ilustrados pela tabela 1:

 

Tabela 1 – Países Selecionados – PIB: 2012 e 2016

Fonte: FMI

 

Com base nesta amostra, percebe-se que o PIB destes países se reduziu ao longo dos últimos cinco anos. Um ponto em comum a todos os países é a desvalorização da taxa de câmbio em todos eles, sendo que no Brasil e na Argentina houve oscilação do crescimento real de produto em dois dos cinco anos do período analisado.

Já com relação ao comportamento da pauta comercial nos países selecionados, os gráficos 1 e 2 ilustram grandes quedas tanto nas importações como nas exportações.

Figura 1 – Exportações – US$ Bilhões

Fonte: Trademap[2]

 

Figura 2 – Importações – US$ Bilhões

Fonte: Trademap

 

A queda acentuada nestas duas variáveis pode ser explicada por alguns motivos que permeiam desde a desvalorização acentuada da moeda nacional em todos os países analisados, ao crescimento instável de países representativos na região e que são importantes parceiros comerciais para os demais, como Brasil e Argentina. Além destes pontos, faz sentido a análise pela intensidade tecnológica da pauta comercial de cada um destes países da amostra. A metodologia utilizada aqui neste artigo segue Caldas (2012)[3] e foi aplicada por Videira e Rocha (2017)[4] em artigo que utilizaram tal técnica para avaliar a composição da pauta comercial do Brasil com relação aos seus parceiros nos BRICS.

Tal técnica é composta por coletar os dados dispostos pela sua classificação pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e após esta etapa, transformar os dados em CNAE (Classificação Nacional por Atividade Econômica – IBGE) e somente após esta compatibilização dos dados, chegar ao sistema International Standard Industrial Classification of All Economic Acitivities (ISIC Rev. 4) da OCDE. Tais compatibilizações entre os dados foram feitas por bases de dados do IBGE – CONCLA (Comissão Nacional de Classificação)[5]. Os dados são apresentados em 5 categorias: Alta Tecnologia, Média-Alta, Média-Baixa, Baixa e Outras. Os produtos que se enquadram em cada uma das categorias estão demonstrados na tabela 2.

 

Tabela 2 – Classificação por intensidade tecnológica

Os resultados para os países estão demonstrados nas tabelas 3 e 4. Alguns destaques podem ser apontados a partir destas tabelas:

  • É importante salientar que nenhum dos países analisados possui grande relevância nas exportações em alta tecnologia, sendo que o país que mais se destacou nesse cenário foi o Brasil com 5,3% em 2016.
  • Os países analisados possuem grande relevância na categoria “Outros” que é basicamente composta por commodities.
    • Para a Colômbia, as exportações de produtos minerais são essenciais e começaram a ser alavancadas em 2013 com acordos de livre comércio regional. Tais acordos também facilitaram as exportações chilenas, porém este país possui um foco maior em exportações de cobre, peixes e manufaturas básicas.
    • Brasil e Argentina possuem exportações mais diversificadas em setores manufatureiros, porém apresentam grande concentração em commodities agrícolas.
    • As importações possuem como origem prioritariamente nesta amostra três países: Brasil (para importações da Argentina), China (para o Chile), EUA (para Colômbia e Brasil). Os produtos importados visam desenvolver o parque industrial geral ou setores específicos (Automobilística, como é o caso da Argentina).

Tabela 3 – Exportações por intensidade tecnológica

Fonte: Trademap – Elaboração Própria

Tabela 4 – Importações por intensidade tecnológica

Fonte: Trademap – Elaboração Própria

 

Notas:

[1] World Economic Outlook – FMI: https://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2017/02/weodata/index.aspx

[2] Dados de balança comercial foram retirados de Trademap: www.trademap.org

[3] CALDAS, B.B. Uma análise por intensidade tecnológica das exportações brasileiras e gaúchas. Indicadores Econômicos FEE. Volume 40. 2012.

[4] VIDEIRA, R.A. & ROCHA, R.M.A. Política externa brasileira para os BRICS e seus efeitos sobre a pauta comercial do primeiro mandato de Dilma Rousseff. 6º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais. Belo Horizonte. 2017

[5] IBGE: http://concla.ibge.gov.br/

Beatriz Amaral

Beatriz Amaral Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Luísa Lotto

Luísa Lotto Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Caio Nielsen

Caio Nielsen Analista Júnior Bacharelando em Relações Internacionais