Egito vai às urnas com poucas perspectivas de mudanças

A eleição presidencial do Egito teve início nesta segunda-feira (26), e seu término será na quarta-feira (28). O atual presidente Abdel Fatah al-Sisi possui apenas um adversário: Moussa Mostafa Moussa. Os demais candidatos foram detidos ou se retiraram da disputa. O governo de Sissi nega ter envolvimento com as desistências, enquanto tais candidatos declaram que foram ameaçados e sofreram intimidações [1].

Em um primeiro momento Moussa, presidente do partido liberal Ghad, apoiou a reeleição de Sisi, mas, no fim do prazo estabelecido, decidiu romper com Sissi e postular o cargo. O anúncio gerou suspeitas e muitos acreditam que a eleição deve ser considerada fraudulenta, dado que a entrada de Moussa tem intuito de criar uma falsa competição e dar um ar democrático ao pleito. Moussa declarou que tais afirmações são falsas e que decidiu concorrer contra Sissi [1].

Em seu primeiro mandato, Sisi se mostrou um presidente autoritário. Prendeu jovens que protestavam pacificamente, colocou jornalistas na cadeia, proibiu partidos de se formarem e coibiu defensores dos direitos humanos de deixar o país. Para muitos, Sisi pode ser considerado tão ou mais repressor que Mubarak, ditador que foi derrubado em 2011 por uma onda de revoluções [3]. Apesar disso, de acordo com canais jornalísticos como o Al Jazeera, o presidente é o candidato favorito de grande parte dos egípcios por ser considerado o único que possuiu ao longo do processo uma campanha sólida, além de ser o mais popular [4]. Após anos de turbulência, o presidente foi capaz de trazer segurança e melhorias ao ambiente macroeconômico do país, como por exemplo um aumento de 25% nas exportações (sem considerar petróleo) em janeiro de 2017, comparado ao mesmo período no ano anterior [5].

Os grupos opositores, como a Irmandade Muçulmana e os jihadistas, esperam que os países que possuem relações econômicas e estratégicas com o Egito, como por exemplo os Estados Unidos, pressionem Sisi a estabelecer uma política de direitos humanos e amplie a liberdade de expressão. No entanto, um presidente que se declara não vê razão para alterar sua política.

Por isso, as expectativas são que poucas mudanças devem ocorrer após o resultado oficial que será divulgado no dia 2 de abril e que sinaliza releição [6]. Já se imagina o que está por vir num país que tem como presidente uma figura que limita de todas as formas a transferência de poder, mas promete ampliar os ganhos econômicos da população. Logo, a confirmação da eleição de Sisi promete estabilidade econômica para o Egito.

Fontes:

[1] VEJA. Egípcios votam em eleição com presidente al-Sisi como favorito. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/egipcios-votam-em-eleicao-com-presidente-al-sisi-como-favorito/ Último acesso em: 28/03/2018

[2] THE GUARDIAN. The Guardian view on elections in Egypt: two candidates, no real choice. Disponível em: https://www.theguardian.com/commentisfree/2018/mar/25/the-guardian-view-on-elections-in-egypt-two-candidates-no-real-choice Último acesso em: 28/03/2018

[3] FOLHA. Repressão se torna uma marca no Egito sob governo do presidente Sisi. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/05/1883894-repressao-se-torna-uma-marca-no-egito-sob-governo-do-presidente-sisi.shtml  Último acesso em: 28/03/2018

[4] AL JAZEERA. Egypt: Egyptians cast ballot in presidential election. Disponível em:  https://www.aljazeera.com/indepth/inpictures/egypt-egyptians-cast-ballot-presidential-election-180327083216429.html Último acesso em: 28/03/2018

[5] THE ECONOMIST. Bitter medicine starting to work: egypts economy shows signs of life. Disponível em: https://www.economist.com/news/middle-east-and-africa/21718552-bitter-medicine-starting-work-egypts-economy-shows-signs-life Último acesso em: 28/03/2018

[6] UOL. Colégios eleitorais abrem para 2 dias de eleições presidenciais do Egito. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2018/03/27/colegios-eleitorais-abrem-para-2-dia-das-eleicoes-presidenciais-do-egito.htm  Último acesso em: 28/03/2018

Beatriz Amaral

Beatriz Amaral Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Luísa Lotto

Luísa Lotto Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Caio Nielsen

Caio Nielsen Analista Júnior Bacharelando em Relações Internacionais